Eu gosto muito de observar as pessoas, seja na rua, no salão de beleza, no supermercado, no ônibus, no trânsito. Acho que são tantas particularidades e o ser humano é tão interessante que me fascina.
Morar em prédio tem lá suas facilidades pela segurança e coisas do tipo. Mas também tem inconvenientes. Um deles é escutar os vizinhos. Mesmo que você não queira acaba participando de brigas, sente cheiro de comidas, conversas, etc. Tenho vizinhos muito interessantes nesse nível, nunca os vi pessoalmente (sabe aquela lenda de que curitibano não fala com estranhos? Pois então, não é lenda!!), mas participo de certa forma de suas vidas através de sons, cheiros e situações que ouço do meu apartamento.
Outro dia houve uma briga feia de um dos vizinhos com a mulher (ou namorada, sei lá) sobre o Facebook. É isso mesmo, a briga foi por causa do Facebook! E foi tão feia que eu estava vendo um filme bem alto na tv e escutava tudo o que gritavam. O centro da discussão foi porque o cidadão adicionou a fulana no face e parece que se comunicou por mensagem com ela! A namorada descobriu e estava nos cascos mandando que ele a bloqueasse!
É interessante a mudança de paradigmas hoje em dia, fiquei pensando nas brigas da atualidade. Antigamente brigava-se porque o cara olhou para a garota na rua ou no bar. Hoje a briga é porque ele adicionou alguém à sua lista de amigos numa rede social na internet.
Outros vizinhos tem conversas gigantes sobre o dia enquanto estão no banho (sim, do meu banheiro eu ouço em alto e bom tom tudo o que eles falam do banheiro deles... humpf). Fico aqui imaginando o casal chegando em casa depois de mais um dia de trabalho ou faculdade e colocando o papo em dia enquanto tomam banho e escovam os dentes. E isso é rotina pra eles: todos os dias eles seguem fazendo o mesmo ritual: Lá pelas 23h um entra no banho e o outro fica no banheiro conversando e contando o dia. É a rotina do casal.
Outro vizinho faz umas comidas muito cheirosas, justamente nos horários mais impróprios ou quando eu não tenho nada na geladeira. Já senti cheiro de carne de panela, feijão, pudim de leite. Pelo cheiro dá pra sentir que ele(ela) manda super bem na cozinha!
O mais divertido é tentar imaginar as situações sem conhecer as pessoas. Fico criando histórias e roteiros na minha cabeça sobre esses vizinhos invisíveis que eu conheço pelos barulhos e cheiros. Pode ser que já tenhamos nos encontrado no elevador ou na portaria e nem me dei conta de que eram eles, porque ainda não consegui colocar um rosto nos barulhos. Mas na minha imaginação eles vivem reais suas vidas, rotinas, seus barulhos e situações. Assim como eles devem ouvir meus barulhos e os do Francisco e imaginar como é a vida dentro do meu apartamento.
O mais interessante é que dividimos o mesmo espaço no mundo e nem sequer nos conhecemos.
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